Duas pessoas frente a frente. À esquerda a pessoa tem barba e cabelos grisalhos, usando cadeira de rodas e agasalho. A pessoa da direita está sentada numa cadeira laranja, segura papéis em frente ao corpo, e está inclinada na direção da pessoa da esquerda, indicando comunicação entre elas.

Dicas de Atendimento ao Público com Deficiência

dezembro 20, 2017 3:42 pm Publicado por

• Pessoas com deficiência são, antes de mais nada, PESSOAS. Pessoas como quaisquer outras, com protagonismos, peculiaridades, contradições e singularidades. Pessoas que lutam por seus direitos, que valorizam o respeito pela dignidade, pela autonomia individual, pela plena e efetiva participação e inclusão na sociedade e pela igualdade de oportunidades, evidenciando, portanto, que a deficiência é apenas mais uma característica da condição humana.• É importante destacar que as palavras agem sobre as pessoas e podem ou não discriminar. O que dizemos mostra o que pensamos e em que acreditamos. Assim, em primeiro lugar, é preciso dizer que a nomenclatura correta a ser utilizada é “pessoa com deficiência”.

• Não faça de conta que a deficiência não existe. Se você se relacionar com uma pessoa com deficiência como se ela não tivesse uma deficiência, você vai ignorar uma característica muito importante dela. Não subestime as possibilidades, nem superestime as dificuldades e vice-versa.

• Todas as pessoas – com ou sem deficiência – têm o direito, podem, devem e querem tomar suas próprias decisões e assumir as responsabilidades por suas escolhas.

• Ter uma deficiência não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior. Provavelmente, por causa da deficiência, uma pessoa pode ter dificuldade para realizar algumas atividades mas, por outro lado, pode ter extrema habilidade para fazer outras.

• A maioria das pessoas com deficiência não se importa em responder a perguntas a respeito da sua deficiência. Assim, sempre que quiser ajudar ou estiver em dúvida sobre como agir, pergunte. E lembre-se: quando quiser alguma informação, dirija-se diretamente à pessoa e não a seus acompanhantes ou intérpretes.

• Sempre que quiser ajudar, pergunte a forma mais adequada para fazê-lo e não se ofenda se seu oferecimento for recusado, pois, às vezes, uma determinada atividade pode ser melhor desenvolvida sem assistência.

• Se você não se sentir seguro para fazer alguma coisa solicitada por uma pessoa com deficiência, sinta-se à vontade para recusar. Neste caso, procure ou indique uma pessoa que possa ajudar.

• Você não deve ter receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja sempre com naturalidade. Se ocorrer alguma situação inusitada, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom humor nunca falham.

Pessoas cegas ou com deficiência visual

• Quando relacionar-se com pessoas cegas ou com deficiência visual, identifique-se, faça-a perceber que você está falando com ela e ofereça seu auxílio. Caso seja necessária sua ajuda como guia, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado ou em seu ombro, conforme a preferência da pessoa a ser guiada. Além disso, é sempre bom avisar antecipadamente a existência de degraus, escadas rolantes, pisos escorregadios, buracos e obstáculos durante o trajeto. Num corredor estreito, por onde só é possível passar uma pessoa, coloque o seu braço ou ombro para trás, de modo que a pessoa cega possa continuar seguindo você.

• Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, você deve guiá-la até a cadeira e colocar a mão dela sobre o encosto, informando se esta tem braço ou não. Deixe que a pessoa se sente sozinha.

• Ao explicar direções para uma pessoa cega, seja o mais claro e específico possível.

• Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam com pessoas cegas. A menos que a pessoa tenha, também, uma deficiência auditiva que justifique isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz usual.
Ao responder perguntas de uma pessoa cega, evite fazê-lo com gestos, movimentos de cabeça ou apontando os lugares.

• Quanto ao cão-guia, ele nunca deve ser distraído do seu dever de guia com afagos, alimentos etc. Lembre-se de que esse cão está trabalhando e tem a responsabilidade de guiar uma pessoa que não enxerga.

• No convívio social ou profissional, não exclua as pessoas com deficiência visual de qualquer atividade. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.

• Fique à vontade para usar palavras como “veja” e “olhe”. As pessoas cegas as utilizam com naturalidade.

• Sempre que se afastar, avise a pessoa cega, pois ela pode não perceber a sua saída.

Pessoas com deficiência física e motora

• Uma das coisas importantes a saber é que, para uma pessoa sentada, é incômodo ficar olhando para cima por muito tempo. Portanto, ao conversar por mais tempo que alguns minutos com uma pessoa em cadeira de rodas, sente-se, para que você e ela fiquem no mesmo nível.

• A cadeira de rodas (assim como as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa, quase uma extensão do seu corpo. Agarrar ou apoiar-se nela é como fazê-lo em uma pessoa sentada numa cadeira comum.

• Nunca movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permissão para a pessoa.

• Quando estiver conduzindo uma cadeira de rodas e parar para conversar com alguém,lembre-se de virar a cadeira de frente para que a pessoa também possa participar da conversa.

• Ao conduzir uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o com cuidado. Preste atenção para não bater nas pessoas que caminham à frente. Para subir degraus, incline a cadeira para trás para levantar as rodinhas da frente e apoiá-las sobre a elevação. Para descer um degrau, é mais seguro fazê-lo de marcha a ré, sempre apoiando para que a descida seja sem solavancos. Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa com deficiência.

• Pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldades para andar, falar e podem fazer movimentos involuntários com pernas e braços. Se a pessoa tiver dificuldade na fala e você não compreender imediatamente o que ela está dizendo, peça para que repita.

• Não se acanhe em usar palavras como “andar” e “correr”. As pessoas com deficiência física as empregam naturalmente.

• Uma pessoa com paralisia cerebral tem uma lesão ocasionada antes, durante ou após o nascimento e, por isso, tem necessidades específicas: é muito importante respeitar o seu ritmo e ter atenção ao ouvi-lo, pois a maioria tem dificuldade na fala.

• Paralisia cerebral e deficiência cognitiva ou intelectual não são a mesma coisa.

Pessoas surdas ou com deficiência auditiva

• Não é correto dizer que alguém é surdomudo. Muitas pessoas surdas não falam porque não aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, outras usam a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

• Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestando atenção em você, acene para ela ou toque, levemente, em seu braço. Quando estiver conversando com uma pessoa surda, fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras, mas não exagere. Use a sua velocidade normal, a não ser que lhe peçam para falar mais devagar. Use um tom de voz normal, a não ser que lhe peçam para falar mais alto. Não grite. Fale diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela. Faça com que a sua boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível a leitura labial. Fique num lugar iluminado e evite ficar contra a luz, pois isso dificulta ver o seu rosto.

• Se você souber alguma linguagem de sinais, tente usá-la. Se a pessoa surda tiver dificuldade em entender, avisará. De modo geral, suas tentativas serão apreciadas e estimuladas.

• Seja expressivo ao falar. Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom de voz que indicam sentimentos, as expressões faciais, os gestos e o movimento do seu corpo serão excelentes indicações do que você quer dizer.

• Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual. Se você desviar o olhar, a pessoa surda pode achar que a conversa terminou.

• Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se tiver dificuldade para compreender o que ela está dizendo, não se acanhe em pedir para que repita.

• Se for necessário, comunique-se através de bilhetes. O método não é importante. O importante é a comunicação.

• Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, dirija-se à
pessoa surda e não ao intérprete.

Pessoas com deficiência intelectual

• Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoa com deficiência intelectual. Trate-a com respeito e consideração. Se for uma criança, trate-a como criança. Se for adolescente, trate-a como adolescente. Se for uma pessoa adulta, trate-a como tal. Não trate como criança aquelas pessoas que não o são.

• Não as ignore. Cumprimente e despeça-se delas normalmente, como faria com qualquer pessoa. Dê atenção, converse e seja gentil.

• Não superproteja. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas quando for realmente necessário.

Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência intelectual podem levar mais tempo, mas adquirem habilidades intelectuais e sociais.

• Lembre-se: o respeito está em primeiro lugar e só existe quando há troca de ideias, informações e manifestação de vontades. Por maior que seja a deficiência, lembre-se de que ali está uma pessoa.

• Deficiência intelectual não deve ser confundida com doença mental. As pessoas com deficiência intelectual possuem déficit no desenvolvimento, enquanto que a doença mental se refere a transtornos de ordem psicológica ou psiquiátrica.

Dicas para planejamento de eventos presenciais acessíveis

• Fazer previsão orçamentária para contratação de serviços profissionais e aluguel de equipamentos para disponibilizar recursos de acessibilidade comunicacional: audiodescrição, estenotipia, interpretação em Libras, e materiais didáticos em formatos acessíveis.

• Solicitar, na ficha de inscrição ou através de e-mail enviado com antecedência, que as pessoas participantes identifiquem se possuem alguma deficiência ou mobilidade reduzida; havendo, que registre quais equipamentos, serviços ou cuidados serão necessários para lhes garantir a plena participação na atividade.

• Comunicar o evento de forma acessível. Pela internet, disponibilizar versões acessíveis, como o convite com descrição de imagens e, em materiais audiovisuais, legenda e janela de Libras. Informar se o evento contará com interpretação em Libras, audiodescrição e estenotipia (legendagem em tempo real).

• Reservar espaços para pessoa com deficiência e com mobilidade reduzida, prevendo vaga, inclusive de pessoas usuárias de cadeira de rodas. Para garantir a reserva de vagas, aconselhamos o uso de papel com o símbolo de acessibilidade para servir como reserva dos lugares.

• Capacitar servidores e/ou contratar serviços de organização de eventos capacitados para o atendimento ao público com deficiência. Não havendo piso podotátil, é importante disponibilizar um profissional (capacitado) para acompanhar pessoa cega ou com baixa visão.

• Em caso de presença de uma pessoa com deficiência intelectual, uma forma de apoiá-la é dispor de um profissional que a acompanhe para que possa tirar dúvidas em relação ao conteúdo apresentado. Caso haja interpretes de Libras, esses intérpretes de Libras, esses profissionais deverão estar próximos às pessoas que estiverem falando, em destaque, para serem facilmente identificados.

• Capacitar/orientar docentes e palestrantes antecipadamente para atender às especificidades das pessoas com deficiência participantes da atividade.

Sugestões de atitudes inclusivas para docentes e palestrantes

• Ao falar em público, perguntar antes se há alguma pessoa com deficiência no ambiente. Em caso positivo, pergunte a essa pessoa os procedimentos necessários para tornar a atividade a mais acessível possível para ela.

• Ao falar em público com microfone, inicie sua saudação falando fora do microfone, para que as pessoas cegas e com baixa visão possam identificar sua localização.

• Caso uma pessoa com deficiência auditiva faça uso de leitura labial, evite colocar o microfone ou as mãos ou qualquer outro objeto na frente da boca. Como os lábios são o meio através do qual a pessoa surda “vê vozes”, qualquer barreira na frente da boca impedirá a comunicação e compreensão da informação pela pessoa surda oralizada.

• Na elaboração de uma apresentação em Power Point, leve em conta a possibilidade de presença de pessoas com baixa visão no local. Dessa forma, use letras grandes e fontes compreensíveis. Pense também em usar um bom fundo contrastante com a cor da fonte, de modo que as letras não se tornem ilegíveis pelo público. Um bom contraste entre as cores de fundo e da letra auxilia a leitura das pessoas com baixa visão.

• Caso a sua apresentação em Power Point possua uma imagem, lembre-se que as imagens de figuras, fotos e vídeos não falam por si sós. Dedique-se à descrição das imagens dessas figuras, fotos e vídeos, respeitando-se as regras básicas da descrição de imagens.

• Muitas pessoas surdas e com deficiência intelectual enfrentam barreiras para acompanhar a totalidade das apresentações orais. Dessa forma, use Power Point e/ou leve sempre duas ou três cópias de uma “lauda de acessibilidade” da sua apresentação, trazendo as principais ideias e argumentos da sua palestra ou trabalho para que ela possa acompanhar as suas ideias. Caso não tenha problemas, você pode emprestar para as pessoas com deficiência uma cópia do seu texto e, após a sua apresentação, ela o devolverá para garantir seus direitos autorais.

• Em evento sem audiodescrição, é importante que os slides sejam lidos e as imagens descritas. Sugestões de frases para agilizar a descrição: “a imagem que ilustra esse slide…”; “o gráfico mostra…”; “o slide cujo título é…”
Em evento com audiodescrição e interpretação em Libras, o ideal é que essas pessoas recebam antecipadamente: programação do evento, logomarcas, vídeos, slides, currículo dos palestrantes e principais termos técnicos.

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